Inserção das Pessoas com Deficiência no Trabalho e Emprego Apoiado

Agora, no vídeo a seguir, vamos abordar um pouco sobre inserção no mundo do trabalho, destacando o Emprego Apoiado como uma tecnologia social relevante.

Transcrição

Tela com fundo preto contendo texto em branco. Esta licença permite que outros adaptem, remixem e criem a partir deste trabalho para fins não comerciais, desde que atribuam ao autor o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. Este vídeo contém audiodescrição e acessibilidade em libras. 

E eu me chamo Maria Helena Magalhães Mendonça. Sou pesquisadora titular da escola nacional de saúde pública, atuo no Departamento de Planejamento em Saúde.

Eu sou uma mulher branca com os cabelos grisalhos. Idosa, se a gente pensar, né, que eu estou acima dos…. Estou com os 70 anos. E meu campo de atuação são estudos das políticas é públicas de saúde, com foco bastante na atenção primária em saúde e avaliação, das políticas nesse âmbito, já há algum tempo. Tenho atualmente atuado um pouco também nessa aproximação da discussão da atenção primária com a possibilidade de melhorar o acesso, qualificar a inserção nos serviços de saúde das pessoas é com deficiência, seus familiares.

Vinheta em movimento onde quatro quadrados se conectam como em um quebra-cabeça. Em cinza, trilhas da inclusão. Formação básica em acessibilidade comunicacional. Tela com fundo branco e azul. A parte branca ocupa a esquerda e o centro e se conecta com a parte azul à direita como uma peça de quebra-cabeça. Os textos estão em azul e preto. Trilhas da inclusão na perspectiva da deficiência intelectual: Inserção das pessoas com deficiência no trabalho e o emprego apoiado 

Maria Helena, pesquisadora no departamento de administração e planejamento em saúde DAPS/ENSP. 

No rodapé, quatro peças de um quebra-cabeça estão encaixadas formando um quadrado. A primeira tem fundo azul com a logo do SUS em branco. A segunda tem fundo marrom com a silhueta do Castelo da Fiocruz em branco. Abaixo, a terceira tem fundo roxo e o desenho em branco de uma lâmpada acesa. A quarta, com fundo verde, o desenho de uma figura humana de braços e pernas abertas com moldura circular. Ao lado, o texto em cinza escuro. Trilhas da Inclusão. Formação básica em acessibilidade comunicacional. 

O intérprete de libras é um homem jovem, branco, de pele morena e cabelos curtos castanhos ondulados. Usa camisa de botões preta e está de pé.

Eu tenho 2 filhos que tem uma síndrome congênita chamada é X frágil. Isso foi muito difícil de ser definido. Eles já estão com 42 e 35 anos, mas o acompanhamento e desenvolvimento deles me motivou muito para estudar e pensar o processo de desenvolvimento, né, em termos da vida humana. E quando eu estava fazendo o meu doutorado eu acabei escolhendo para trabalhar o processo de infância e adolescência. Já em momento em que eles se encaminhavam para a vida adulta. Então, eu acho que como eu vou falar sobre a inserção no trabalho, no emprego apoiado é calcado na nossa experiência, na nossa vivência, era importante entender que esse processo de transformação da adolescência para um período de uma vida mais ativa e produtiva exigia certos cuidados. E as pessoas, às vezes com alguma deficiência, principalmente a deficiência intelectual, apresentam alguma singularidade ou algum atraso no seu desenvolvimento que dificulta, entre outras dimensões, essa escolha profissional. De uma certa forma eu me lembro que eles tinham uma idealização muito grande do que era esse trabalho. Mas a falta de escolaridade, uma habilitação mais qualificada para estruturas produtivas específicas são características dessa dimensão e a aceitação do trabalho ou de um emprego protegido como uma forma específica da organização social.

 No Brasil, nós temos dois marcos que eu vivenciei nesse processo de desenvolvimento dos meus filhos. Um, foi a lei de cotas, que determinou que a empresa com mais de 100 trabalhadores deveria destinar um percentual de 2% a 5% de vagas para as pessoas com deficiência. Essa inserção tinha restrições. Embora fosse feita através da CLT, observou-se muitas fraudes. E também não facilitou, se eu acompanhar até amigos dos meus filhos, que eles tivessem uma, como se diz assim, uma carreira que eles conseguissem alterar nessa posição originária de cotista. Com a lei da inclusão, em 2015, este esse processo se amplia muito. Já em termos se pensar a questão de uma cidadania mais plena, de pensar o quanto o trabalho de alguma maneira, pela importância, pelo fato de dar mais dignidade e possibilitar convívios, era uma questão importante. Isso também amplia, eleva o nível, quer dizer, a lei de inclusão eleva o nível de igualdade quando ela abre os ambientes da escola, da saúde para acompanhar a habilitação para o trabalho. Uma série, de, inclusive benefícios, como a inclusão, o auxílio inclusão, o transporte público gratuito. Ela amplia as possibilidades das pessoas não terem que pagar para trabalhar, mas elas trabalharem e poderem adquirir um mínimo de condições sociais, económicas, e mesmo políticas, porque participam. A experiência que eu vivenciei com meus filhos são processos diferentes. Eles têm diferença de 5 anos de idade. Foram várias tentativas a partir do apoio de algumas ONGs, como a CVI, ligada à PUC, que oferecia cursos profissionalizantes para as pessoas com deficiência auditiva ou a associação brasileira de pessoas com deficiência que dava um treinamento para trabalhar com a higienização de material impresso, que foi o que eles é se adequaram melhor por essas questões que eu coloquei. A questão da escolaridade e de ter uma habilitação frágil, que necessitava ser, quer dizer, acompanhada talvez, supervisionada. No Brasil, essa experiência, por exemplo, de um emprego apoiado é muito recente. Quando eles mesmos, meus filhos, iniciaram através é de um convênio entre a APPAI e o Centro Cultural do Banco do Brasil, eles formavam uma cooperativa. Então o emprego deles era assistido, mas eles não tinham determinados direitos, por exemplo, que a CLT possibilita.  Às vezes sendo discriminada até pelos colegas: “Ah, mas você não tem carteira assinada.” Hoje, esse convênio se ampliou, eles têm carteira assinada, eu brinco até que eles entraram na CLT com atraso. Mas eu sinto ainda algumas dificuldades na organização dessa tecnologia social, dessa tecnologia assistiva em que, na realidade, o emprego apoiado de alguma maneira ele integra, um supervisor, monitores e o próprio beneficiário, que será o trabalhador em um processo mais ou menos contínuo, porque com o tempo, como eu estou dizendo, meu filho mais velho, já há 20 anos, praticamente trabalha. E isso tem impactos na motivação, na possibilidade dele se manter interessado de manter o trabalho. Dá um certo, é cansaço, mas a gente vai tentando lidar. E exige também de nós como família estar acompanhando esse processo. Sempre que há um problema a mãe é chamada. Então assim, essa tem sido a nossa vivência, a nossa experiência, mas eu acho que dentro dos limites, é muito bem-sucedida. Eu acho que eles se sentem muito orgulhosos de estarem trabalhado num projeto bem especial como esse da Biblioteca do Banco do Brasil.

 

Na próxima parte, você vai conhecer mais sobre a Síndrome de Down.